Flores de Maio – Artigo de Éden Valadares
Na próxima segunda-feira militantes e dirigentes das centrais sindicais baianas realizarão mais um Ato Unificado do 1° de Maio, marcado para as 14 horas, no Farol da Barra, em Salvador. Para além de celebrar a passagem do Dia do Trabalhador, a manifestação será um momento de organização da luta da classe trabalhadora por emprego, melhores condições de trabalho e pela reconstrução dos direitos trabalhistas.
Os últimos anos foram de revés na agenda dos trabalhadores brasileiros, com a Reforma Trabalhista de Michel Temer e o desmonte do cinturão de proteção social produzido por Jair Bolsonaro. Enquanto o mundo abandonava o receituário neoliberal e se reencontrava com o Estado de Bem Estar Social e o papel que o poder público deve exercer como planejador e indutor do desenvolvimento econômico e social, as políticas implementadas pelos dois ex-presidentes colocaram o nosso país na contramão, adotando medidas que retiraram históricos direitos e geraram desemprego, alta da inflação e perda do poder de compra do trabalhador brasileiro.
Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva e de Jerônimo Rodrigues, as esperanças do movimento sindical se reacendem. É possível – porque não dizer, urgente – reencontrar o caminho do crescimento econômico, com inclusão e justiça social, que produza redução das desigualdades e melhoria da qualidade de vida do nosso povo. Abandonar o fetichismo da técnica pela técnica, de um neoliberalismo tardio, da falácia de que retirando direitos trabalhistas geraremos emprego e renda. A realidade mostrou exatamente o contrário e a expectativa dos movimentos sociais e organizações populares é que os governos democráticos eleitos em 2022 adotem medidas opostas àquelas.
Minha geração política, que iniciou a vida pública na organização do movimento estudantil na década de 2000, reivindica o Maio Baiano como símbolo da nossa luta. Naquele dia 16 de maio de 2001, quando homens da Polícia Militar, com tropa de choque e cavalaria, invadiram a área federal da UFBA para reprimir a legítima manifestação popular de estudantes e movimentos populares contra denúncias de corrupção que dominavam o governo carlista da época, uma marca foi imprimida a toda uma geração de militantes e um aprendizado ficou nítido: a conquista de direitos e oportunidades são sempre fruto da luta popular.
E é nesse contexto, de mobilização e retomada da esperança, que trabalhadoras e trabalhadores de todo o estado ocuparão as ruas da nossa capital mais uma vez. Confiança e expectativa positiva quanto à capacidade dos governos do Partido dos Trabalhadores de reverter as perdas acumuladas; mas consciência e firmeza de que seguiremos sempre lutando por dias melhores.
Éden Valadares, presidente do PT Bahia
Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde deste sábado, 29, de maio.