Jaques Wagner: Por que o favoritismo de Jerônimo não é uma surpresa na Bahia
No último dia 2 de outubro, a Bahia virou assunto nacional quando, mais uma vez, o resultado das urnas contrariou a maioria das pesquisas divulgadas ao longo da campanha. Assim como aconteceu comigo, em 2006, e com o governador Rui Costa, em 2014, o expressivo resultado obtido por Jerônimo Rodrigues surpreendeu não só o estado, mas todo o País. Por pouco mais de 40 mil votos, a vitória não foi sacramentada no primeiro turno. Após a apuração, o próprio presidente Lula me telefonou para dizer que carimbei de novo o resultado. Por conta disso, muitos insistem em dizer que sou uma espécie de bruxo, por, desde o início, cravar que venceríamos esta disputa. Mas não tem nada de magia na história. O que há é a fé no trabalho que temos realizado ao longo desses anos.
Desde que anunciamos Jerônimo, tenho repetido que a nossa candidatura seria alavancada por três fortes âncoras: as realizações do PT na Bahia nos últimos 16 anos, um candidato que carrega uma história bonita e verdadeira e, claro, o ex-presidente Lula. Qualquer nome associado ao dele se torna favorito na disputa. Lula teve aqui no estado, no primeiro turno, quase 70% dos votos válidos e a maior vantagem sobre o seu adversário: 3,8 milhões de votos de frente. Sua identidade com o povo baiano é incontestável. Ele mesmo repete diversas vezes que, se tivesse nascido em outro lugar, com certeza seria na Bahia.
O povo nordestino gosta de Lula, pois ele melhorou a vida de todos. Até chegarmos ao governo, na Bahia, só existia uma universidade federal. Hoje, são seis. Além disso, mais de 30 novos institutos federais e grandes obras de infraestrutura contemplaram todas as regiões. A Bahia é o estado com maior número de unidades habitacionais construídas pelo Minha Casa Minha Vida e contou com 1,8 milhão de beneficiários do Bolsa Família. O Luz Para Todos levou energia para quase 600 mil famílias. O estado ganhou também 840 Unidades Básicas de Saúde e cerca de 700 creches.
Durante os governos do PT, os microempreendedores se qualificaram, o jovem sonhou com o Ciências Sem Fronteiras, a agricultura familiar foi incentivada, o salário mínimo teve aumento real. Nada disso aconteceu nos últimos quatro anos, com o atual presidente. As famílias querem de volta uma vida melhor. Portanto, o que há não é idolatria gratuita por Lula. O que há é um sentimento de gratidão, um reconhecimento de que Lula é o nome que representa a prosperidade.
Além de todo esse legado construído ao longo dos governos Lula e Dilma, se somam ao contexto estadual gestões que modernizaram a Bahia. No período que o grupo político adversário esteve no poder, entre 1990 e 2006, apenas um hospital foi construído no estado. Com o nosso grupo, desde 2007, já são 22 hospitais, 24 policlínicas, quase 18 mil quilômetros de estradas e mais de 4 bilhões de reais investidos na agricultura familiar.
Hoje, quem chega em Salvador, comenta que a capital se modernizou. Colocamos o metrô para andar depois de quase 14 anos parado nas mãos da prefeitura, construímos novos viadutos na Avenida Paralela, grandes avenidas como a 29 de Março, a Gal Costa e as vias Expressa e Metropolitana, além das pontes Jorge Amado, em Ilhéus, e a que liga a Barra a Xique-Xique.
Nosso grupo modernizou as relações políticas na Bahia, tanto entre os poderes Executivo e Judiciário, como entre o governo e empresários, e a relação com a imprensa. O ambiente ficou mais ameno, democrático e respeitoso. Carrego isso com imenso orgulho. Toda essa mudança de mentalidade contrasta com a postura dos nossos adversários, que hoje representam a velha política baiana querendo voltar ao poder.
Junto a todo esse legado apresentamos como candidato um professor de origem simples, filho de um vaqueiro e de uma costureira. Já trabalhou com educação, agricultura familiar, rodou todo o estado e conhece a Bahia na palma da mão. Tem capacidade. É um profissional testado na gestão pública, com quatro anos de experiência no governo federal e oito no estadual.
Ninguém pode desprezar a força e o trabalho do nosso grupo. Foi por isso que encerramos o primeiro turno em vantagem. Mas não vamos deixar de lado a humildade. Seguiremos na rua trabalhando, até o dia 30, para ampliar a votação de Lula no estado e consolidar a vitória de Jerônimo como governador. Tenho absoluta confiança de que, a partir de 1º de janeiro, a Bahia vai continuar seguindo em frente e o Brasil voltará para o caminho da paz, da diversidade, da família, da preservação ambiental e de dias melhores para a juventude. As urnas confirmarão que o Brasil tem jeito e a Bahia tem lado. E o nosso lado sempre foi o da esperança.
Jaques Wagner
Senador da República (PT-BA), presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado Federal
Artigo publicado na revista Carta Capital, em 21/10/22