“Importante para demarcar uma posição de resistência e de esperança”, afirma Éden sobre atos no Dia do Trabalhador
O presidente do Partido dos Trabalhadores da Bahia, Éden Valadares, em entrevista ao jornal A Tarde, falou sobre os atos em defesa dos trabalhadores realizados na Bahia neste domingo, 1º de maio, Dia do Trabalhador. Organizados pelo PT e centrais sindicais, como a CUT, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Bahia, União Geral dos Trabalhadores, Força Sindical e Nova Central, os atos reuniram militantes, trabalhadores e lideranças políticas em Salvador e em cidades do interior do estado. “Importante para demarcar uma posição de resistência e de esperança”, afirmou Éden.
Na entrevista, o presidente do PT falou ainda sobre os retrocessos enfrentados pela classe e defendeu que a reconquista dos direitos trabalhistas será possível a partir das eleições deste ano, com a derrota do bolsonarismo e da agenda neoliberal de Paulo Guedes. “Retomar o governo central e eleger bancadas para a Câmara e o Senado comprometidas com essa agenda deve ser tarefa fundamental para os trabalhadores, os partidos de esquerda e todo o campo democrático no Brasil.
Leia abaixo a entrevista na íntegra:
1 – O Partido dos Trabalhadores da Bahia, em conjunto com centrais sindicais, trabalhadores, associações e sociedade civil, convocou a sua militância em todas as cidades do estado a promover ou se integrar aos atos do 1o de maio para a manifestação em defesa da geração de empregos e pelos direitos sociais e trabalhistas. Qual a importância desse ato?
Éden Valadares – Importante para demarcar uma posição de resistência e de esperança. Resistência ao retrocesso na questão dos direitos trabalhistas e das condições de trabalho a que milhares de homens e mulheres estão submetidos, como a super-exploração, a precarização, o sub-emprego e a informalidade. E de esperança de voltarmos a ter um governo federal que recupere a dignidade dos trabalhadores, não só com políticas de geração de emprego e renda, que alcance um contingente cada vez maior de desempregados, mas também que lute para garantir um mínimo de direitos que assegurem uma melhor qualidade de vida e de cidadania – como o 13°, o direito às férias, ao descanso remunerado e à previdência social. São milhares de trabalhadores e trabalhadoras, na Bahia e no Brasil, dando uma importante demonstração de resistência e esperança nas ruas.
2 – Como você visualiza/percebe a situação do mercado de trabalho hoje?
Éden Valadares – Infelizmente, andamos para trás. O Brasil que já experimentou o que o Banco Mundial chamou de “Década de Ouro” com os governos do PT, com o pleno emprego, a retirada do Brasil do mapa da fome, um processo de inédito de inclusão social e de combate às desigualdades, hoje se depara com um assustador retrocesso. O desemprego, a inflação na casa dos 12%, o aumento do preço dos alimentos, a política de dolarização dos combustíveis, tudo isso impacta de forma muito forte o mercado de trabalho. E não são apenas os trabalhadores informais ou os mais pobres que sofrem, não. Mesmo a classe média tem sentido os impactos da alta dos planos de saúde, da mensalidade escolar, da falta de novos concursos públicos ou da queda da venda no comércio. As oportunidades de negócio diminuíram, os empregos estão escassos, o Brasil está na contramão. Com Lula havia crédito, direitos e oportunidades para todos, sobretudo aos que mais precisam. É preciso retomar nossa capacidade de investir na base da pirâmide, colocar dinheiro na mão do povo, com política de inclusão mas principalmente com emprego, para nosso país voltar a crescer e as famílias experimentarem novamente a prosperidade.
3 – O que esse ato reivindica para o trabalhador?
Éden Valadares – Essa agenda da retomada do crescimento econômico, do desenvolvimento social e da prosperidade. Quando os trabalhadores e trabalhadoras ocupam as ruas do Brasil em defesa do emprego e dos direitos trabalhistas, não é somente um movimento de classe, é uma agenda em defesa do país. O que é que o golpe na Presidenta Dilma prometia? Que com o afastamento do PT, a retirada de direitos trabalhistas e previdenciários, a “Uberização” do mercado de trabalho, o país iria crescer. E o que assistimos foi justamente o contrário. Mentiram para a sociedade brasileira por uma sanha pelo poder e para manter a margem de lucros de setores financistas. A lógica foi assegurar lucro para acionistas, colocando os mais pobres para pagar a conta. É um absurdo vermos jovens trabalhando para aplicativos de entrega de comida enquanto suas próprias famílias sentem a volta da fome. Defendemos uma outra agenda, a inversão dessas prioridades, insisto, com crescimento econômico sim, mas com a retomada dos direitos, a distribuição de riquezas e oportunidades para todos.
4 – O ato também é realizado para protestar contra os retrocessos na área trabalhista, promovidos pelos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, a exemplo das reformas previdenciária e trabalhista. Dentre os retrocessos, estão o fim da carteira assinada para muitos brasileiros. Em prol de mudar essa realidade, o quão importante é a eleição presidencial este ano?
Éden Valadares – Fundamental. Repare, quase a totalidade destas legislações e iniciativas são exclusivas do âmbito federal. Portanto, retomar o governo central e eleger bancadas para a Câmara e o Senado comprometidas com essa agenda deve ser tarefa fundamental para os trabalhadores, os partidos de esquerda e todo o campo democrático no Brasil. Claro, a sociedade brasileira quer derrotar o bolsonarismo e seus métodos de mentira, de Fake News, de expediente do ódio e desumanidade. Mas é preciso também acumular forças para derrotar Paulo Guedes e sua agenda neoliberal. Que é essa da retirada dos direitos, do desmonte da Petrobras e do Estado Brasileiro, da volta da fome e da inflação. O Brasil está numa encruzilhada. De um lado o aprofundamento da agenda de desemprego e da crise. De outro, a reconstrução do país com inclusão e desenvolvimento. Neste sentido, a eleição de Lula para a Presidência toma uma dimensão central.