G20: Lula oficializa Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, com 148 adesões
O presidente Lula abriu a Cúpula de Líderes do G20, nesta segunda-feira (18), no Rio de Janeiro, com o lançamento oficial da Aliança Global Contra a Fome e à Pobreza, iniciativa inédita da presidência brasileira no grupo formado pelas maiores economias do mundo e que foi consolidada em negociações ao longo do ano.
Até o momento, a aliança já recebeu 148 adesões, vindas de 82 nações, da União Europeia, da União Africana, 24 organizações, 9 instituições financeiras e 31 entidades filantrópicas e não governamentais. “Este será o nosso maior legado”, afirmou Lula durante o evento, que marca o encerramento da liderança do Brasil no grupo, após um ano.
Conforme o protocolo, Lula recebeu e cumprimentou todos os líderes do G20 na chegada ao Museu de Arte Moderna do Rio (MAM), Zona Sul da capital fluminense. Em sua fala, contudo, o presidente afirmou que “o mundo está pior” e condenou os gastos militares exorbitantes que mantêm acesas as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio.
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“Temos o maior número de conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial e a maior quantidade de deslocamentos forçados já registrada”, lamentou.
733 milhões de desnutridos no mundo
Lula também fez questão de apresentar os dados alarmantes da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) sobre a fome neste ano: “convivemos com um contingente de 733 milhões de pessoas ainda subnutridas”.
“É como se as populações do Brasil, México, Alemanha, Reino Unido, África do Sul e Canadá, somadas, estivessem passando fome”, comparou o presidente.
A Aliança Global
O discurso do petista aos líderes do G20 centrou-se nas desigualdades socioeconômicas entre os países. Lula disse ser “inadmissível” que se produzam 6 bilhões de toneladas de alimentos por ano e que ainda se observe tanta gente passando fome.
“São mulheres, homens e crianças, cujo direito à vida e à educação, ao desenvolvimento e à alimentação são diariamente violados”, apontou, antes de atribuir esse cenário desolador à falta de decisões políticas.
“A fome e a pobreza não são resultado da escassez ou de fenômenos naturais. A fome, como dizia o cientista e geógrafo brasileiro Josué de Castro, ‘a fome é a expressão biológica dos males sociais’. É produto de decisões políticas, que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade”, argumentou.
Lula defendeu a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza como o “principal legado” do Brasil ao G20 e instou o bloco a levá-la adiante. Em 2025, a presidência rotativa caberá à África do Sul, que se comprometeu com a manutenção da proposta brasileira.
“O G20 representa 85% dos 110 trilhões de dólares do PIB mundial. Também responde por 75% dos 32 trilhões de dólares do comércio de bens e serviços e dois terços dos 8 bilhões de habitantes do planeta. Compete aos que estão aqui em volta desta mesa a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade”, concluiu o petista.