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Mulheres foram as principais vítimas no período pós-golpe

Data de publicação: 04/09/2023

Há sete anos, o Brasil vivia um golpe parlamentar de Estado. Não foi preciso pegar em armas ou derramar sangue. A estratégia adotada pelos responsáveis por depor Dilma Rousseff, primeira mulher eleita presidenta da República, foi a falsa acusação de ‘pedaladas fiscais’. Hoje, há um termo jurídico que explica a perseguição por vias que, a priori, são legais, mas que buscam deslegitimar as mulheres por meio de uma espécie de lawfare de gênero.

Segundo o portal JusBrasil, a prática “acontece quando determinados grupos ou indivíduos utilizam acusações infundadas ou manipulam o sistema legal para promover suas agendas, prejudicando pessoas com base em seu gênero (geralmente mulheres).”

“Acabam de derrubar a primeira mulher eleita presidenta do Brasil, sem que haja qualquer justificativa constitucional para esse impeachment, mas o golpe não foi cometido apenas contra mim e contra o meu partido ou contra os partidos aliados, que me apoiam hoje”. Esse é um dos trechos do histórico discurso de Dilma Rousseff logo após a votação no Senado que destituiu seu mandato naquele final de agosto.

A história não mente e o machismo e a misoginia sempre foram a linha de frente daquele período sombrio da democracia brasileira. Tanto é que dois dias depois do golpe, o presidente não eleito, Michel Temer, sancionou uma lei que autoriza pedaladas fiscais. A lei flexibiliza o remanejo do Orçamento, justificativa principal para o afastamento de Dilma.

Recentemente, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) publicou sentença inocentando Dilma Rousseff. A Corte manteve uma decisão que havia sido tomada na primeira instância, em setembro de 2022, pela 4ª Vara Federal Cível do Distrito Federal. Na ocasião, o juiz Frederico Botelho de Barros Viana negou a ação de improbidade administrativa apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) sobre as “pedaladas fiscais”.

Mulheres foram as mais atingidas no pós-golpe e governo Bolsonaro

A partir disso, começou um dos piores períodos para as mulheres brasileiras na história recente da democracia brasileira. Primeiro, assim que assumiu, Temer extinguiu a Secretaria de Mulheres, Igualdade Racial, Juventude e Direitos Humanos — isso logo após anunciar que não indicaria nem mulheres nem negros para seus ministérios.

Outro ataque às mulheres é a proposta da Previdência, que vai equiparar a idade de aposentadoria entre homens e mulheres, desconsiderando as várias jornadas que a mulher tem de enfrentar durante a vida. A PEC 241, também conhecida como PEC do Teto de Gastos, foi uma proposta do governo golpista que buscou limitar os gastos da União afetando principalmente as áreas da saúde, educação e assistência social pelos próximos 20 anos.

O pesadelo se agravou com a vitória do pior presidente que o Brasil já teve, Jair Bolsonaro. Com a sua eleição, veio a ascensão da extrema direita, dos ultraliberais, dos machistas, misóginos, preconceituosos e racistas.

Mulheres, negros e indígenas foram foram a parcela da sociedade que mais sofreu durante os quatro anos do mandato do genocida. Além de nomear pessoas despreparadas para o comando de pastas como o Ministério das Mulheres, que ficou sob a chefia da reacionária Damares Alves, Bolsonaro normalizou a cultura da violência e do ódio no palavreado para se referir às mulheres e destruiu todo o acúmulo de políticas públicas construídos pelos governos Lula e Dilma que buscavam garantir dignidade às brasileiras.

Para haver política pública e Estado eficiente é necessário orçamento. E o corte abrupto de verba destinado à proteção das mulheres resultou no sucateamento de ações para proteção das mulheres. De acordo com o Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfêmea ), “após a pandemia, com o aumento constante das violências físicas, sexuais e psicológicas sofridas por mulheres (de 43% para 49% de vítimas), o governo Bolsonaro submeteu um dos orçamentos mais baixos já vistos na pasta: R$1,2 milhão

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